terça-feira, 16 de junho de 2009

Um “Treino” diferente…

Gassho

Quem diz que Shorinji Kempo só se pratica no Dojo? Quem diz que Shorinji Kempo se resume à aprendizagem das técnicas? Se para os Kenshis estas perguntas têm respostas óbvias, para outros menos familiarizados talvez não o sejam. Shorinji Kempo é muito mais que uma forma de desenvolvimento físico através da via marcial. Esta, ao invés de “fim” e “objectivo”, é sim um “meio”, um “instrumento” em si mesma! É nesta perspectiva que escrevo este post, respondendo ao repto lançado por Araújo Sensei.
A Kenshi Sílvia propôs a visita a um local perto do Bombarral onde se encontra uma exposição de Budas e outros elementos artísticos orientais, com entrada livre. Considerando a raiz e filosofia budista do nosso belo Shorinji Kempo, juntando uma bela dose de curiosidade e a vontade de “laurear a pevide” na companhia de um excelente grupo de amigos, de imediato pareceu uma excelente ideia a todos, ficando então a saída agendada para 14 de Junho. Sairíamos de manhã, com a “marmita” preparada para um pic-nic e depois à tarde ponderava-se uma ida à praia. Comecemos então pelo início.
Reunidos às 9 da matina, lá nos encontrámos por baixo da ponte de Barcarena para uma viagem em caravana, composta pela Kenshi organizadora Sílvia, Miguel e Kenshi Leonardo; D. Filomena e Araújo Sensei, Joana Senpai e Paulo Silva Sensei; Kenshis Catarina e Pedro e Rita e João. Direitos à A8 até ao Bombarral foi “um tiro” e, pouco antes, das 10h estávamos à porta do místico Buddha Eden – Jardim da Paz. A entrada pouco ou nada diz do que realmente se passa dentro daquele espaço já que a fonte junto do estacionamento e, mais abaixo, a outra com o deus romano Apolo contrastam culturalmente com a essência do local. De qualquer maneira, a beleza estética destas figuras em nada compromete as expectativas da visita.
A fachada de pedra surge como que um portal para mundo completamente aparte absorvendo-nos de uma maneira tal que quase nos esquecemos que vivemos numa cultura ocidental. A amplitude, abertura e mística do espaço não permitem qualquer indiferença! Por muitas palavras que aqui ficassem, ainda sobraria muito por dizer, por isso convido-vos a verem algumas das fotos que devem dar para construírem uma muito pequena ideia.


Fica a descrição de uma sensação de paz e descanso espiritual que dificilmente se encontra na cidade (o que também nos faz lembrar alguns dos “porquês” de praticarmos Shorinji Kempo). Além do mais, a companhia e boa disposição do grupo, a fluidez da conversa e naturalidade do convívio, a quantidade e qualidade dos cenários e paisagens são “apenas” elementos que tornam a experiência mais inesquecível e absorvente. Não é possível deixar de fazer o reparo na abertura dos Senseis que, durante todo o dia, deixaram os Dogis e respectivas divisas em casa, tal como todos os outros presentes, tendo-se juntado realmente um grupo de amigos cuja “única” semelhança é gostarem de se expressar através do Shorinji Kempo.
Tiradas tantas fotos, com tantas poses e sorrisos, tivemos ainda a oportunidade de viajar (mentalmente claro está!) até aos portões de Hombu em Tadotsu (Japão) para ver os seus dois guardiões (Nions), para além do Buda mais tradicional com o antigo Manji ao peito. Isto juntando à viagem que fizemos à Grande Muralha da China para vermos os imensos e realistas Guerreiros de Terracota.
Ao final da visita a fome já aperta! Nada melhor então do que o convite da Kenshi Sílvia para irmos até casa dos seus pais (já que era ali tão perto) para nos sentarmos confortavelmente a conversar, enquanto comíamos e bebíamos. À chegada encontramos a Kenshi Diana (e seu irmão) que entretanto se junta ao “Gang do Buda”, para além dos já mencionados e afáveis pais da organizadora. Fica desde já o agradecimento aos Srs que foram tão hospitaleiros e agradáveis, proporcionando ainda um guloso petisco de enchidos e um belo sumo de frutos vermelhos - leia-se "uvas" - com bastantes antioxidantes os quais terão sido a única razão para alguns beberem uns bons copitos do tão gabado sumo.
Devo dizer que, se de manhã a visita foi um regalo para o espírito e para os olhos, este período foi um regalo para o estômago (óbvio!) mas especialmente para os ouvidos e para a mente. A conversa e partilha de experiências sobre o Shorinji Kempo levou-nos a conhecer mais particularidades, semelhanças e diferenças de cada um e entre cada um, bem como mais histórias interessantes sobre o passado desta arte que tanto nos cativa e motiva. Devo ainda confessar que me senti como que… não diria “transformado” mas sim “renovado” na forma como encaro o treino e a arte em si. As diferenças nas concepções de ensino e prática, as constatações e partilha de reflexões sobre momentos recentes e já bem passados, as expectativas de cada um sobre os outros… todo este momento está gravado na minha memória e espero que agora se consiga reflectir nas minhas acções e atitudes, tornando-me ainda melhor. Falo pessoalmente porque sou eu que escrevo o post mas penso poder dizer, sem qualquer pretensão, que todos os que partilharam aquele momento saíram mais ricos e, pelo menos, ligeiramente diferentes e melhores. Não consigo deixar de referir, mais uma vez, a forma como os Senseis despiram a sua pele de professores e se colocaram na pele de praticantes, partilhando as suas ideias e experiências connosco, “jovens” praticantes que tanto temos para percorrer e aprender até pensarmos em chegar a ser um pouco do que aquelas pessoas são e representam para nós e para o Shorinji Kempo… para a sociedade. Sinto-me um privilegiado por poder beber do conhecimento de pessoas tão humildes e reflexivas e sei que outros sentirão o mesmo. Senti-me ainda um privilegiado por sentir que há um grupo de amigos que se forma, transforma e evolui a cada treino, a cada momento de convívio. Não há muitas experiências melhores que essa e nem todos têm a sorte de poder ter isto que nós temos. A vontade de crescer para poder fazer algo pelo Shorinji Kempo é a melhor forma que sinto que temos para podermos honrar e agradecer o tempo que estas pessoas de família despendem para passarem connosco, a ensinar-nos, a treinar em conjunto e a conviverem para que possamos ser melhores do que éramos “ontem”.
E porque o dia já ia longo, e São Pedro começava a deixar ver o solinho, lá nos juntámos nos carros mais uma vez para irmos até à praia do Paimogo, onde passámos cerca de 2h, fechando-se o dia por volta das 16h30. Durante este bocadinho uns aproveitaram para dar uns passeios à beira-mar, outros para procurarem mais maravilhas escondidas nas rochas, outros para dar o primeiro mergulho da época e outros ainda para alguns momentos de introspecção. Isto até à altura em que se juntam todas as toalhas para se fazer uma jogatana de “Uno”, com a Kenshi Catarina a mostrar como se ganha… várias vezes… seguidas!
Feitas as despedidas restava voltar à realidade e ao começo de mais uma semana de trabalho, aulas e… TREINOS! Claro está!, com Energia Renovada e Redobrada!
Foi um excelente treino de Shorinji Kempo, dos melhores que já tive até hoje!, e espero que se continue a repetir mas, se possível, com mais Kenshis, já que nestes momentos não há Branchs nem Escolas. Apenas amigos que partilham um gosto comum e que escolhem desenvolver-se em conjunto, dentro e fora do Dojo.
Fica mais uma vez o agradecimento à Kenshi Sílvia pela ideia e à sua amável família por nos terem acolhido de uma forma tão hospitaleira e por nos terem proporcionado tão brilhante dia.

Gassho e Boa Semana!
João

PS – vejam o link do jardim e saboreiem mas não deixem de fazer uma visita ao local: http://www.buddhaeden.com/index.html

quarta-feira, 20 de maio de 2009


O prometido é devido, e cá estou mais uma vez a dar a conhecer o que foi a minha prova escrita de exame para 5 Dan. Esta foi feita no próprio dia de exame com a presença do mestre Aosaka, sentadinho a um canto do Dojo, com 2 graus negativos no exterior do ginásio, após uma pequena refeição, eram 14:00 e depois de uma manhã de treino bastante intenso. Para por a cereja em cima do bolo, só tínhamos trinta minutos para responder a quatro questões em que uma delas era …” Como deve ser um líder de Shorinji Kempo”. Eis a resposta que foi previamente por mim preparada, e que corresponde á minha prespectiva.Claro que nesta aventura não estava só eu, todos os examinados estavam nas mesmas condições de”conforto”.

Num dia normal á porta do hospital, o médico que tinha acabado o seu turno de serviço encontrava-se a conversar despreocupadamente com o enfermeiro e um condutor de ambulâncias sem ter vestida a bata branca que o caracterizava como sendo médico.
Quando escutaram algum alarido de vozes alteradas. Era uma jovem senhora com uma aparência bastante elegante, que aproximando-se dos três perguntou em voz alta e de forma bastante ríspida , rude e de certa forma grosseira: “
Algum de vocês sabe onde está o médico do hospital?”
Com muita calma o Doutor respondeu:” Boa tarde minha Senhora! Em que posso ajudar?”
A senhora mantendo a pose sobranceira respondeu grosseiramente
:” Será que o Sr. é surdo, não ouviu que estou a procura do médico?”
Mais uma vez mantendo a calma inicial o médico retorquiu
:”Boa tarde minha Sr.ª! O médico do hospital sou eu. Em que posso ajudar.”
A jovem mais uma vez respondeu, mas agora num tom menos agressivo:”
Como? O Sr.? Com essa roupa?”.
Mantendo sempre a serenidade o doutor respondeu á jovem:”
Peço imensa desculpa, mas eu pensei que a Srª procurasse um médico e não uma pessoa vestida de branco.”
Mais uma vez a jovem respondeu mas desta feita num tom totalmente ameno
:”Oh desculpe Doutor! Boa-tarde, mas é que vestido dessa maneira não pensei que o Sr fosse médico.”
Calma e educadamente o Médico respondeu:”
Veja bem como são as coisas, as vestes na realidade não dizem nada, ou melhor pouco dizem sobre as pessoas, pois tal como a srª eu também me confundi. Quando olhei para si vestida dessa maneira, com uma óptima aparência e um porte tão elegante caminhando na nossa direcção, de imediato pensei que quando chegasse junto de nós iria sorrir educadamente , dizer boa tarde e em seguida perguntar o que queria saber. Porém confundi-me e constatei que a pessoa que falava tão alto era a Srº e pior ainda quando se nos dirigiu de uma forma tão ríspida e grosseira. Bem são coisas que acontecem. Por vezes somos induzidos em erro pelas aparências.”
Deste episódio podemos de imediato tirar algumas conclusões que se aplicam a qualquer líder:
1- Liderança não é um cargo, mas sim comportamento.
2- Um líder tem sempre uma postura educada e formas educadas de demonstrar aos outros quando estão errados, ou a ter más condutas. Independentemente das situações, um líder sabe escolher a forma adequada de se comportar em cada situação.
3- Um líder de Shorinji Kempo começa sempre por se auto examinar
( kyakka shoko) .
4- Um líder de shorinji kempo tem bem definidas as metas que quer atingir.
5- Um líder de Shorinji Kempo é uma pessoa com coragem e determinação. Um líder sem coragem perde a confiança dos que o escutam ou vêm, deixa de liderar. Por isso deve assumir a responsabilidade da criação de um sentimento de união e igualdade. Ao mesmo tempo deve de valorizar cada indivíduo (“ a pessoa, a pessoa tudo depende da qualidade da pessoa”) pois quanto mais se aproximar das pessoas mais elas se sentirão motivadas e absorverão os seus ensinamentos sejam eles físicos (Ken) ou espirituais (Zen). Mais do que qualquer outra sensação, é essencial que cada pessoa sinta que a sua vida vale a pena.

Saindo agora dos aspectos generalistas sobre liderança, e falando mais concretamente da sua aplicabilidade no Shorinji Kempo, facilmente constatamos que ser líder nesta modalidade é muito mais profundo do que as definições que normalmente podemos encontrar em bibliografia da especialidade. Devido ás características que esta arte possui enquanto veiculo de desenvolvimento de indivíduos, quer espiritual quer fisicamente, um líder de Shorinji Kempo deve consequentemente possuir características especiais e agir de forma diferente, do conceito tradicional ou académico daquilo que é definido como um líder.
Em shorinji Kempo um líder é e será sempre um ponto de referência para os kenshi. Será sempre um exemplo que os kenshi copiarão e tentarão imitar a sua forma de ser e estar na vida.
Quando Kaiso So Doshi interpretou os caracteres de “Gyo” como sendo duas pessoas fortes carregando ás costas duas pessoas mais fracas, estava a definir o que de certa forma idealizava que fosse um líder de Shorinji Kempo. Alguém com um forte sentido de justiça, com poder de comunicação capaz de transmitir ideias complexas de forma simples, alguém que quando está a falar consegue despertar e manter desperta a atenção de quem o ouve e motivar essas mesmas pessoas para seguirem em frente com os seus projectos de vida. E a mais importante de todas as características alguém que está disponível para nos ouvir, aconselhar e despender parte do seu tempo em prol do seu semelhante
(Vive 50% para ti e 50% para os outros).
A função de líder de Shorinji Kempo não termina quando abandonamos o Dojo, ela mantém-se e é visível através do seu comportamento diário enquanto cidadão, desde o gesto mais simples de uma saudação, á sua interactividade com a comunidade onde está inserido e comportamento a nível familiar.
O carácter do Shorinji Kempo está directamente ligado ao carácter dos seus lideres, e á sua forma de estar e viver a vida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tema de exame para 5 Dan


Prometi que haveria de publicar a minha prova escrita para o exame de 5 Dan. Aqui está parte dela, o meu tema livre. Se vos poder ser útil ficarei muito contente.

José Araújo


- Como tema livre resolvi escrever sobre a verdadeira força. Não é um tema fácil para uma cultura Ocidental habituada, através dos séculos, a acreditar em cultos e divindades que são os veios condutores da nossa passagem terrena, e que acredita na vida para além da morte.
Talvez devido a esse facto, de delegarmos nas divindades todos os nossos sucessos ou insucessos e entregarmos o nosso destino nessas mesmas divindades, esquecemos um pouco os nossos próprios potenciais. Recordo agora um dos factos que fazia parte do dia-a-dia na antiga civilização Egípcia. Quando alguém era apanhado por um crocodilo nas margens do rio Nilo e desaparecia era a vontade do Deus Rá que assim o determinava, se por qualquer acaso a pessoa escapava, também tinha sido vontade de Rá. Em ambos os casos ninguém ajudava a pessoa em perigo, porque era vontade dos Deuses que assim acontece-se.
Quantas vezes a humanidade é confrontada com situações de injustiça da mais variada espécie, e não tem recurso para alterar esse estado de coisas, ou passa ao lado a assobiar sentindo que não tem responsabilidade nenhuma sobre o que se está a passar, ou porque não tem coragem ou força suficientes para se fazer ouvir ou demonstrar aos outros o quanto estão errados.
O que é a verdadeira força?
As mais variadas respostas poderão ser dadas a esta pergunta, mas possivelmente poucas pessoas irão estabelecer a ligação da verdadeira força com elas próprias, com algo que existe no seu interior e não pode ser medido, pesado ou visto. Estamos a falar de algo bastante mais profundo, algo que bem aplicado pode alterar muita coisa, ou pelo menos ajudar a que isso aconteça, no estado actual em que o mundo se encontra.
Muitos de nós já fomos confrontados com situações de injustiça, quer directamente ou porque ouvimos comentários relacionados com alguém que sofreu essas injustiças ou maus-tratos físicos ou morais. De todas essas vezes que vimos ou ouvimos algo, quantas vezes gostaríamos de ter reagido e não o fizemos por manifesta falta de coragem, porque pensamos que ninguém iria escutar o que tínhamos para dizer, ou em ultimo caso não sentimos ter a força suficiente para o fazer.


Em qualquer das circunstâncias apresentadas para não intervirmos, um aspecto fundamental sobressai, “Não nos respeitamos a nós próprios”. Existe um pensamento que diz:” Para que os outros te respeitem, primeiro tens que te respeitar a ti próprio”.
Mas como pode uma pessoa respeitar-se a si própria?
Começando por ter a coragem de dizer directamente o que pensa estar errado, ou que vê como errado ou não gosta. Tudo isto requer por parte do indivíduo autoconfiança, sentido de justiça, força de viver e é isto a “verdadeira força” .
A verdadeira força não se refere a força musculada, ou força para se defender ou derrotar um adversário. Está antes relacionado com algo que vem do interior profundo de cada pessoa, algo que nos faz superar obstáculos por mais diferentes que sejam, algo que tem muito a ver com aquilo que normalmente se chama de “força interior” a verdadeira força.
Podemos ter muita de vontade e desejar muito ajudar as pessoas que nos rodeiam, mas se estivermos fracos, muito dificilmente o conseguiremos fazer. Para que uma pessoa se torne forte não tem nem deve centralizar a sua atenção só no fortalecimento do corpo, mas tem também, paralelamente, que desenvolver o seu espírito criando condições para que ao primeiro contratempo não desanime e a sua atitude vacile.
O Shorinji Kempo, através da sua prática, possibilita-nos o ganho de confiança e felicidade que podemos propagar aos outros, criando assim uma cadeia de entreajuda com capacidade suficiente para confrontar as injustiças na sociedade.
O propósito da prática de Shorinji Kempo é tornar as pessoas fortes quer física quer mentalmente, contudo, quando praticamos não nos devemos esquecer que a nossa atenção ou objectivos não podem estar só centralizados no espírito de competição, nem nos devemos tornar obsessivos em aprender cada vez mais técnicas para mais facilmente derrotar adversários. Se temos como único objectivo derrotar adversários, então porque treinar tão intensamente combate sem armas, quando sabemos existirem um sem número de hipóteses por certo muito mais fáceis de o fazer, utilizando um qualquer tipo de arma.



O grande objectivo do ensino técnico do Shorinji Kempo é adquirir-mos confiança através do nosso auto-conhecimento, confiança que nos proporcionará protecção sem termos de recorrer ao uso qualquer tipo de arma para neutralizar um adversário. Neste capítulo é importante ter em consideração que a parte da prática física foi um meio encontrado por Kaiso So Doshin para despertar a atenção das pessoas, e assim mais facilmente poder comunicar com essas mesmas pessoas e transmitir-lhes de seguida as suas mensagens.

Em certos momentos da nossa vida somos levados a pensar que não vamos ser capazes de cumprir ou dar seguimento a um projecto ou objectivo, por razões que nos são absolutamente estranhas. Outras vezes poderemos ter tendência para ficar apáticos e ver as coisas a desenrolarem-se á nossa volta sem que tenhamos qualquer tipo de reacção que nos leve para além desse marasmo de acções ou atitudes, isto é contudo uma forma errada não só de encarar a vida, como de vive-la. Qualquer ser humano não é só responsável pela sua felicidade, também tem uma quota-parte no bem-estar e felicidade dos outros que o rodeiam, família, amigos, vizinhos enfim a sociedade onde está inserido e da qual faz parte integrante Assim sendo não pode nem deve haver sentimentos derrotistas. Suponhamos que de certa maneira fomos vencidos por um adversário, isso não será caso para pensar que somos uns falhados ou inúteis. Devemos tirar as consequentes ilações do nosso acto ou derrota, e nunca nos sentir-mos como verdadeiros derrotados, porque só assim essa derrota não será uma verdadeira derrota.
Durante a nossa vida por certo cometeremos erros ou não, mas a nossa qualidade como seres humanos não é determinada por esses factores. Por certo não haveria pessoas de bom coração ou com bons princípios se fosse esse o factor determinante para avaliação do ser humano, ou se consegue erguer-se depois disto ou não. Como se pode concluir a atitude mental da pessoa perante a adversidade é fundamental para que ela possa continuar o seu caminho. Se pensar sobre si mesmo ser um inútil, então esta será a sua verdadeira derrota. Para vivermos uma vida equilibrada e com intensidade, é importante que o nosso estado mental adquira uma auto-confiança (não confundir auto-confiança com presunção) realista, e não esquecer que só a mente não é suficiente para levar a cabo os nossos objectivos.

O corpo também tem que acompanhar esse desenvolvimento, lembrando um provérbio muito antigo que diz “Corpo são em mente sã”, e que é perfeitamente aplicável na prática do Shorinji Kempo.
Como referi no início deste texto, é muito comum nas sociedades Ocidentais responsabilizar as diferentes divindades pelas coisas boas ou más que nos acontecem. De certa forma estamos a sob valorizar a pessoa e o que de bom ou mau ela tem. Por vezes a barreira existente entre o real e o místico gera alguma confusão e somos levados a esquecer que as atitudes das pessoas, na generalidade são fruto da sua formação e carácter.
Cada pessoa tem apenas uma vida para viver, e deve desfrutá-la bem e com sentimento de dignidade. Este sentimento de dignidade surge, ou nasce, quando a pessoa tem a coragem de chamar a si a responsabilidade de dizer que discorda com qualquer coisa quando vê que essa mesma coisa está errada, e tem a necessária coragem para repor a verdade ou justiça dos factos. Tudo isto requer uma forte iniciativa e uma grande fé na sua própria potencialidade, tudo isto requer confiança.
Possuir a verdadeira força, significa possuir confiança e coragem, significa possuir algo que não pode ser comprado com dinheiro ou fiscalizado por qualquer autoridade, e que uma vez adquiridas pelo indivíduo estão aptas a responderam eficazmente e sempre a tempo, quando para isso solicitadas. Mais do que o anteriormente enumerado, significa interagir não somente no que lhe diz directamente respeito, mas também agir em prol da felicidade e bem-estar da comunidade que o rodeia, família, amigos sociedade em geral.
Como remate final gostaria de evidenciar a seguinte frase, que penso aglutinar todo o pensamento descrito neste texto:
“ Em mim eu encontro a força”.
Próximamente darei a conhecer o tema obrigatório.(Já têm muito que ler)

sábado, 28 de março de 2009

Reporteres de palmo e meio.


Os nossos repórteres de palmo e meio estiveram particularmente activos durante o estágio Nacional realizado no mês de Junho em Salvaterra de Magos, (sabemos que muitas cabecinhas pensadoras estarão a comentar ”em Junho e só agora é que publicam?”. Como diz o ditado mais vale tarde do que nunca) munidos de canetas e papel vai de começar a disparar perguntas aos Mestres presentes no evento. Aqui ficam registadas as perguntas feitas e algumas das respostas dadas pelos Exmºs entrevistados.
Perguntas feitas:
1. Há quanto tempo pratica Shorinji Kempo?
2. O que gosta mais de fazer no Shorinji kempo?
3. Quando vê alguma pessoa a precisar de ajuda qual é a sua atitude?
4. Qual é a maior motivação no Shorinji Kempo?
5. Qual o é o seu conselho para os “mini kenshis”?
6. Qual a parte do treino que mais gosta?
Mestre Aosaka:
1. Pratico desde os 17 anos, tenho 62 portanto á 45 anos.
2. Tsubame Gaeashi.
3. Ajudo sempre.
4. Riki ai funni, (equilíbrio entre força e amor).
5. Ajudem sempre quem precisa.
6. Balanço, por exemplo quando dou um geri, ficar com a perna em cima e procurar o equilíbrio.
Mestre Carlos Ramires:
1. Á 33 anos
2. Treinar muito e aprender com todos vós, meus discípulos.
3. Devemos sempre fazer o que podermos para ajudar essa pessoa.
4. Conhecer outras pessoas e poder ensinar-lhes o que é o Shorinji Kempo.
5. Treinar e estudar muito, ter sempre muito respeito pelos outros.
6. Gosto muito de tudo, mas mais do randori.
Mestre Cristina Carriço:
1. Á 29 anos.
2. Brincar com os mini-kenshi.
3. Ajudo
4. Achar que um dia vós, mini-kenshi, estareis onde eu estou, a ensinar.
5. Nunca se esqueçam dos princípios do Shorinji Kempo, isso ajuda-vos a ser melhores.
6. Gosto de tudo no treino.
Os repórteres envolvidos foram:
Joana Rico 9 anos 3 kyu ; Vanessa Marques 9 anos 5kyu; Leonardo Costa 6 anos 5kyu; José Santos 6 anos 5kyu; Nelson Veloso 6 anos 5kyu; Andreia Beatriz 9 anos 5kyu; Diogo Abreu 9 anos 5 kyu e Nazarie Kovaliuk 6 anos 6kyu.
Os mini repórteres foram assistidos por:
Sílvia Costa 1dan; João Paulo Costa 2 Kyu e Rita Pinto 4 Kyu.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Visita dos mestres Tahara,Yamamoto e Mariko






Gassho
Como é do conhecimento geral estiveram em Portugal entre os dias 9/03/2009 e 18/03/2009 os Mestres Tahara Matsuara , 8 Dan daianshi, Kazuaki Yamamoto 6 Dan e Mariko Yamamoto 5 Dan daikenshi . Todos estes mestres vivem e ensinam na prefeitura de Okayhama uma das mais consagradas em termos de prática de Shorinji Kempo. Os mestres em questão são, á já alguns anos, amizades pessoais dos mestres Fausto Carriço e José Araújo, este intercâmbio já se verifica desde o ano de 1993 ano em que pela primeira vez se estabeleceu contacto com o mestre Yamamoto num programa de Home-Stay coordenado pela WSKO.
À parte do muito cansaço acumulado durante estes dias, a média de horas dormidas por noite era de 4 com um pouco de sorte ia a 5 horas, penso poder afirmar com muita certeza que a estadia deles em termos de aproveitamento técnico foi muito positiva, estando esta opinião bem patenteada nas manifestações de agrado expressas por escrito pelos kenshi presentes nas quatro sessões de treino realizadas.
A opinião formulada pelos mestres em relação ao nosso nível de prática foi bastante agradável, havendo reconhecimento por parte deles de que o nosso desempenho técnico é bastante bom, havendo da sua parte, em alguns casos, lugar a manifestações de regozijo pela nossa aplicação e empenho na aprendizagem.
Entre muitas conversas tidas foi abordada a possível deslocação de uma comitiva Portuguesa ao Japão no próximo ano 2010, durante o mês de Agosto, com o intuito de estar presente num “summer camp”. Esta ideia foi acolhida com manifesta alegria pelos mestres na generalidade, ficando desde logo delineado um programa de visitas (várias), e de estadia em regime de Home-Stay, dando assim a possibilidade de conhecer como vivem as famílias Japonesas e estar bastante mais próximos da sua cultura.Fica registada em seguida a opinião da Sílvia Costa, uma dos poucos kenshi que estiveram presentes em todos os treinos

José Araújo Sintra Branch Master


Gassho!
Ter o privilégio de poder treinar com os Mestres Japoneses; Sensei Tahara, Sensei Yamamoto e Sensei Mariko, foi no mínimo espectacular, tendo em conta que estavam cá em Portugal a passar um período de férias e disponibilizaram – se para treinar com os kenshi portugueses, já é uma honra para nós.
Os quatro treinos que tive com os Mestres foram de absorver toda a informação possível, os movimentos, detalhes de pontos importantes, e o que não devemos fazer para não provocar danos ao nosso parceiro, entre outros tudo foi muito importante e o tempo foi pouco para as nossas dúvidas e curiosidades.
O gosto de treinar Shorinji Kempo foi bem visível, tanto por parte dos Mestres que irradiavam felicidade na demonstração das técnicas, como no aproveitamento dos kenshin em executá-las.
Aprendemos Shorinji Kempo partilhando o conhecimento entre todos aqueles que acreditam que é possível, tendo uma força maior para ultrapassar barreiras e tendo uma auto-estima mais elevada. Conseguimos comunicar, aprender, gostar do momento, rir, apreciar e respeitar, acho que tudo isto foi possível nestes quatro magníficos treinos.
No Shorinji Kempo a comunicação não é difícil, em todo o mundo, trabalhamos todos juntos para o mesmo caminho! (ou pelo menos tentamos).Muito obrigada Sensei Tahara, Sensei Yamamoto e Sensei Marikopor partilharem com os kenshin Portugueses o vosso conhecimento
Silvia Costa 1 Dan Associação de Sintra

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Shorinji Kempo no Feminino










Gassho,

Porque o Shorinji Kempo também se pratica, e bem, no feminino, decidiram algumas Associações levar a cabo um treino só para mulheres, dirigido pela Mestre Cristina Carriço, 4º Dan. O resultado de afluência, não tendo sido pleno foi bastante bom como documentado. Houve lugar à boa disposição e troca de experiências na execução técnica. Em função do resultado final ficou a vontade de se realizar pelo menos mais um evento durante a época em decurso.

Lamenta-se a ausência de representantes das Associações de Lisboa, Ajuda, Olivais e Salvaterra, que espera-mos em situações futuras não acontecer.

José Araújo

Exames Paris, Dezembro 2008














Gassho,

Sendo já do conhecimento geral que no dia 13/12/2008 se realizaram exames de graduação para 4º e 5º Dan em Paris, faltava contudo o registo fotográfico do momento, onde se podem identificar os intervenientes Portugueses nos referidos exames, assim como o examinador. Da esquerda para a direita, Mestres Nuno Fernandes e Cristina Carriço da Associação Oriental, ambos 4º Dan, ao centro, o Director Técnico para a Europa, Mestre Aosaka 8º Dan, Mestres José Araújo da Associação de Sintra e Paulo Maposse da Associação do Rato, respectivamente 5º e 4º Dan. Os resultados obtidos foram bastante positivos tendo havido mensagens de parabéns e boa coragem por parte dos examinadores em relação ao desempenho dos Kenshi Portugueses, onde implicitamente tem lugar de relevo o instrutor que os preparou, o Mestre Fausto Carriço.

José Araújo